sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Salas de aula

Bonjour =)

Bem, após a Anete reclamar que deixei o blog jogado às traças, resolvi atualizar. Acontece que muitas vezes eu não tenho nada pra escrever mesmo... postar sempre sobre os livros e as aulas ia ficar meio sem graça (pra vocês). E postar foto das festas... digo, que festas? Não vou pra festa nenhuma, só estudo, lógico. Então, anyway... mãos atadas. Daí lembrei que a Bel tinha pedido fotos da  sala de aula e, voilà, meu post.

Como já disse, tenho 4 matérias aqui... Penal e Processo Penal são ministradas na sala do mestrado - e nem parece uma sala de aula! É uma mesa oval, com cadeiras em volta, incluindo a do professor. O legal é que as aulas ficam num nível mais de debate, pesquisa e discussão mesmo ~ que é a proposta de um mestrado científico, né? ~ ainda que vez ou outra esse propósito falhe. Outro dia, por exemplo, entrei na sala e me espantei com as portuguesas discutindo sobre novelas (Caras e Bocas, acho) com as outras brasileiras! Nem EU assisto novela, oi?

Direito Constitucional é uma das minhas optativas... é numa sala tipo um mini-auditório, com uma das professoras mais fofas ever e as aulas são sempre bem legais também (penal e processo penal nem precisa falar, né? minhas paixões!). C'est ça:


Toda quinta de manhã, estou aí.

Já Filosofia dos Direitos Humanos, minha segunda matéria optativa, fica em uma outra sala, com um professor super mega bom e que excedeu até minhas melhores expectativas (já fiz um post sobre ele aqui, inclusive). Daí estávamos ontem, eu e Mila, num momento super introspectivo, na sala de aula, mega concentradas em nosso estudo, e os paparazzi, inconvenientes, não dando descanso, sabe?


 Tá, a foto foi no intervalo ~ daí a sala estar vazia ~ mas isso quer dizer que nem no intervalo a gente interrompe os estudos, fazer o que?

O frio tem piorado DEMAIS de uns dias pra cá... estava relutando em comprar um aquecedor (porque me disseram que ele altera demaaais o consumo de energia elétrica), mas vou ter que me render... durmo com 850 roupas, 320 cobertores... e ainda acordo semi-congelada! Sem condições. =/

Dia 23/12 estou aí... e aviso logo para a mamãe e o papai: quero maniçoba, sorvete de tapioca com doce de leite e o risoto de camarão com jambu e tucupi do papai! Ah, e requeijão! Gente, por sinal, dá pra crer que aqui não tem requeijão? Oi, item de primeira necessidade para a sobrevivência humana? Então, quem quiser enriquecer em Portugal, super pode exportar requeijão viu? Fica a dica.

Muitas saudades.

Beijo grandão =)


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Halloween

Continuando na série: atualizando o blog com atraso, voilà, nosso halloween =)


Primeiramente, é preciso que eu explique a razão da minha surpresa/alegria com nossa festa temática de dia das bruxas. E são dois os motivos: primeiro porque, no Brasil, eu sempre tentava difundir a idéia das festinhas temáticas e, por um motivo ou outro, acabava por nunca rolar. E, segundo motivo: isso foi num sábado (véspera do halloween propriamente dito), após uma hangover federal da sexta anterior, daí a Mila me ligou convidando pra ir  para uma simples "junçãozinha" (ipsi literis) na casa da Jana. Então fui pra lá despretensiosamente, sem nem lembrar da existência do halloween, achando que seria aquele tradicional vamos-fazer-nada-juntos e eis que me deparo com uma super produção (hipérbole é meu sobrenome, oi) bem halloweeníana mesmo haha :)


Eu ~ flertando com Mr. Pumpkin ~ e Jana, a anfitriã :)
Ahhh gente, dá licença de eu ter me empolgado? Não via estas abóboras recortadinhas desde a minha época de CCBEU. E ainda tinha bebida servida tipo ponche americano (que na verdade era sangria, mas super dava pra enganar), morceguinhos espalhados, velas e até uns chapéus de bruxa, além do monte de brasucas reunidos que sempre animam qualquer ambiente, mólegal né =)

Tá, não sei exatamente qual a função social desse post, mas vocês reclamaram que eu não atualizava isso  aqui nunca, então achei super digno fazer um post sobre o halloween, já que a temática é super meeega relacionado com o meu mestrado, né não? Aham.

O mestrado - afinal, é por causa dele que estou aqui - continua me surpreendendo pela sua excelência.  Os professores são realmente fantásticos, estudiosos do Direito no verdadeiro sentido da palavra... e a cada aula que assisto, mais concordo com Sócrates: de fato, só sei que nada sei.

É, ainda tenho muito o que estudar nessa vida, Senhor... mas, apesar de ser um pouco desesperador às vezes, é bom demais aprender com pessoas assim, que parecem respirar conhecimento. Quem sabe ficando por perto, passa um pouquinho pra mim por osmose?! May the force be with me.
Bem, vou ficando por aqui, na companhia do meu inseparável amigo e fiel escudeiro Luigi Ferrajoli, que tanto tem me feito companhia nos últimos dias =)

Beijos, muitos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desabafo

Criei esse blog pra manter vocês, minhas saudades, devidamente atualizadas sobre o que passa por aqui e, de quebra, tentar me sentir mais próxima, mesmo com um oceano infinito de distância entre eu e o que considerava ser o MEU mundo.

Mas agora lhes peço licença para escrever um pouco pra mim mesma, porque o que vou escrever aqui não é nenhum fato novo, sobre um professor excelente, uma aula monótona, uma viagem ou coisa que o valha... o que aconteceu hoje não fez a menor diferença no mundo exterior. Mas fez pra mim. Muita. E simplesmente sinto que PRECISO escrever, desabafar, devanear.

Ao contrário da maioria das pessoas, sempre gostei de domingos... e hoje percebo que isso se deve ao fato - e à sorte - de possuir uma família maravilhosa, um lar harmonioso e, em síntese - e super correndo o risco de ser clichê e piegas - uma vida que, em síntese, posso definir como boa, feliz. Então o odiado tédio de domingo não costumava ser problema pra mim... pois ficar em casa, assistindo filmes ou fazendo qualquer coisa dentro do meu LAR, me bastava, satisfazia o meu ser e preenchia um pedaço de mim que, confesso, nem sabia que existia. Daí vim pro outro lado do mundo morar sozinha... e então, sim, o domingo passou a ser um problema. Não que todos os meus domingos aqui sejam assim, mas o de ontem foi especialmente chato pra mim... saudade apertou por demais e dei meu melhor pra não pirar completamente (é, surtei só uns 50% do dia ~ uma percentagem excelente para um domingo away, né?).

Enfim, hoje acordei meio gripada, com a persistante e semi-costumeira dor de garganta e eis que lembrei que a mensalidade da faculdade vencia no dia 31 de outubro... isto é, ONTEM. Tudo bem que era domingo, então imaginei que não teria problema pagar no primeiro dia útil subsequente, então me arrumei rápido, fui sacar dinheiro para realizar o dito pagamento e peguei um táxi para a Faculdade, pois já eram 16horas e não sabia o horário de funcionamento da tesouraria, então fiquei com medo do ônibus demorar e tal.

Daí chego lá e, voilà, pátio da faculdade surpreendentemente deserto, só com os habituais turistas batendo foto e falando francês ao meu redor. Departamento financeiro ~ fechado. Droga, vai ver só funcionava até as 4. Lembrei, então, que queria consultar alguns livros na biblioteca e, pra não perder a viagem, aproveitei para fazê-lo. Biblioteca ~ fechada. Tá, essa eu sei que funciona até as 17h30, então, oi? O que está acontecendo com o mundo? Foi aí que descobri que em Portugal é feriado em primeiro de novembro e  então tudo fez sentido, né? Ou seja, havia saído de casa com dor de garganta, apressada, gastando táxi (!!!)... por nada. Saí da faculdade, sentei no ponto de ônibus me amaldiçoando ad eternum e, como não tinha o que fazer enquanto esperava, liguei o ipod ~ e foi aí que meu dia realmente começou.

Liguei no modo aleatório e então começou a tocar Patience. Essa música sempre teve o dom de me acalmar, me transmitir paz... e pensei Quer saber? Não tenho nada pra fazer mesmo e, com Guns como companhia, quem precisa de ônibus? Já havia percorrido aqueles caminhos dezenas de vezes, mas sempre acompanhada das meninas... e apenas hoje, caminhando sozinha e sem pressa, consegui me entender melhor, entender melhor o que estou vivendo aqui.

Só se sente saudade daquilo que é bom, daquilo que nos faz sorrir, que nos traz paz ao coração... e então percebi o que agora me parece um tanto óbvio: que sentir saudade da minha vida do Brasil é muito muito bom, pois significa que, mesmo a um oceano de distância, vivendo num lugar lindo, com toda a liberdade do mundo, pessoas incríveis e experiências únicas, a minha vida lá era plena e abençoada. E, o melhor? Percebi que não preciso escolher. Que graças aos meus pais e ao meu bom Deus, posso ter os dois. Minha vida lá, continua lá, oras. E ainda tenho a chance de viver uma experiência aqui, que acho que não seria exagero chamar de sonho, seria? Bem, percebi que pra mim é sonho sim.

Começou, então, a tocar Time of Your Life e, se isso fosse um filme, certamente seria "o momento em que ela percebeu a sorte que tem". Sem a menor arrogância/prepotência - até porque, se buscarmos de verdade, certeza que todo mundo tem motivos pra se sentir assim - me senti uma pessoa de muita - MUITA - sorte. Sorte por ter essa chance maravilhosa de fazer mestrado num continente que transpira cultura e conhecimento; sorte por poder caminhar por ruas cheias de história; sorte em poder ver cotidianamente essa paisagem sépia, arquitetura antiga e única, cujos tijolos guardam memórias seculares; sorte por ver cair as folhas do outono, com um ipod no ouvido e poucas preocupações na cabeça... e, principalmente, sorte em, mesmo vivendo tudo isso, ainda sentir saudade. Mas, dessa vez, uma saudade gostosa, misturada a um desejo de viver meus dias aqui, minha vida aqui, meus momentos aqui, por inteiro.

No caminho pra casa, passei em frente a uma igreja, como já havia passado tantas vezes. Mas, dessa vez, precisei entrar, ajoelhar, agradecer. Agradeci a Deus por me proporcionar essa experiência, agradeci pela minha família imperfeitamente perfeita - como toda família que se preze há de ser - e agradeci por vocês, meus amigos, meu Amor, meus anjos.

E como é bom sentir-se assim... em paz.